quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Atitude fotográfica

Nesse domingo foi o aniversário de São Paulo e, também, no bairro da Liberdade, a comemoração do ano novo chinês, ano do Boi. Resolvi me aventurar em mais um passeio fotográfico e percebi que preciso ter mais atitude fotográfica. Já havia identificado essa falha mas achei que pelo fato de fazer isso a pouco tempo seria o motivo, e confesso que até então não me incomodava, fotografava mais lugares e agora estou procurando mais as pessoas e aí a atitude faz muita diferença.Quando você fotografa um lugar um empecilho pode ser a luz, o dia não estar perfeito e você mesmo assim insistir e fotografar, ou não. Mas o lugar vai estar amanhã talvez com outra composição, outras pessoas mas o lugar que é o foco vai estar lá.
No entanto quando o foco é a pessoa, a atitude e o saber o que se vai fazer é muito mais importante. Você pode lidar com uma pessoa famosa que tem uma agenda cheia e portanto dispõe de pouco tempo e quando a foto é na rua (que é o meu caso) a atitude tem que ser mais agressiva e você como fotógrafo tem que se envolver mais com a cena e correr literalmente atrás da foto imaginada na mente.


Isso foi o que aconteceu comigo nos meus dois últimos passeios fotográficos fui visitar a cidade de Aparecida do Norte no começo do mês e no último domingo, quando me ocorreu o insight, fui fotografar no bairro da Liberdade.
Em Aparecida o meu foco foi a Basílica, as construções, a igreja antiga e a não as pessoas, tanto que nem fotografei uma cena de um casal atravessando a passarela até a igreja velha de joelhos por achar que era um momento que não devia interferir e depois ficar me questionando : “Mas cara!! É isso que as pessoas querem ver!! E você não fotografou??”. Naquele dia não era meu foco além de achar que foi ético, então não fiquei tão penalizado.

No domingo saí com intuito de ver as pessoas, e pegar suas expressões e até então não tinha saído com esse foco, às vezes isso acontecia, mas não era foco. Chegamos na Liberdade por volta das 11:00 (eu, minha irmã Simone e o seu namorado Rocha), fui fotografar e eles foram passear na feirinha.
Senti muita dificuldade de fotografar, até visualizava a foto mas quanto mais o tempo passava mais gente chegava e ficava mais difícil da foto acontecer. Ao chegar fiquei prestando atenção nos artistas de rua um pessoal que faz “estátua viva” e tinha também um realejo com periquito tirando sorte. Nesse momento analisando depois faltou atitude fotográfica, podia ter conversado com eles explicado que estava fazendo, qual o meu intuito, podia pegar um contato deles e dizer onde ia divulgar as fotos e colocar esse contato junto e assim ter mais liberdade para explorar melhor aquela situação e obter assim melhores fotos.


Dessa forma coloquei para mim que vou praticar com mais determinação essa atitude fotográfica e assim realizar com mais clareza as minhas intenções fotográficas.




















segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A fotografia em Preto e Branco

Pensando no avanço da fotografia digital, me faço duas perguntas:
A. Porque ainda se usa fotografia em preto-e-branco ?
B. Porque a fotografia em Preto-e-branco ainda é usada em casamentos e outros eventos ?

Lú e os Pontos de Luz
Lú e os pontos de luz - Retrato de 1997


A. Porque ainda se usa fotografia em preto-e-branco ?


A fotografia nasceu em preto e branco, ou preto sobre o branco, no inicio do século 19. Todos os princípios da fotografia foram descobertos ou desenvolvidos antes do surgimento da fotografia colorida.

Desde as primeiras formas de fotografia que se popularizaram, como o daguerreótipo, aproximadamente na década de 1830, até os filmes PB (preto-e-branco) atuais, houve muita evolução técnica, e diminuição dos custos. Os filmes atuais hoje tem uma grande gama de tonalidade, superior mesmo aos coloridos, resultando em fotos muito ricas em detalhes. Por isso as fotos feitas com filmes PB são superiores ás fotos coloridas “transformadas” em PB.

Festa de 15 anos em 2005
Festa de 15 anos em 2005

Com o surgimento dos filmes coloridos, popularizados a partir da década de 1960, muito se falou no fim da fotografia preto-e-branco. Mas nós sabemos que isso não aconteceu, e ainda hoje se usa muito a fotografia PB.Mas como ela sobreviveu ? Porque ainda se tiram fotos em PB se existe filme colorido ? E agora, com o advento da fotografia digital ?

Alguns fatores que contribuíram para isso:
- a fotografia em PB se tornou uma opção artística
- os filmes PB tem maior riqueza de tons
- a falta de cor torna a imagem registrada mais distante do nosso olhar (colorido), o que facilita a busca de um registro além da realidade, ou de uma outra realidade. Seria a poesia fotográfica
- a fotografia em PB facilita a abstração das imagens, o que nos permite criar algo que não é um registro, mas sim algo novo, algo por si mesmo, enfim, arte
- Uma fotografia PB dura mais tempo, aprox. 200 anos, contra 100 da colorida.
- a fotografia em PB e tornou um diferencial
- a fotografia em PB desperta saudosismo
- sem a presença das cores podemos perceber melhor as formas, expressões e tonalidades
- outros aspectos ainda poderiam ser destacados, já que cada pessoa pode ver outros fatores

Faixas (No Chão da Cidade)
Faixas - 2008

Com a fotografia digital ficou bem mais fácil e barato fotografar em PB. Pode-se tirar as fotos em cores mesmo, e depois convertê-las para PB no computador, ou até mesmo tirar as fotos já em PB, usando o filtro da câmera.

B. Porque a fotografia em preto-e-branco ainda é usada em casamentos e outros eventos ?

Casamento em 2005
Casamento - 2005

Quando nos preparamos para casar, nos preocupamos muito em registrar esse dia tão especial e maravilhoso, por isso procuramos um fotógrafo. Mas não queremos fotos quaisquer, e não queremos fotos comuns, como aquelas que costumamos tirar nas férias ou em aniversários das crianças. Queremos fotos de qualidade, sensíveis, diferentes e originais. Por isso procuramos um profissional.

Como sempre ... / As always ...
Como sempre ... 2009


Mas, se queremos fotos que realmente se diferenciem, que sejam “artísticas”, “jornalísticas”, românticas e sensíveis, poderemos pensar em fotos PB. Isso porque as fotos PB tem um clima mais atemporal, eterno, assim como esperamos que seja nosso amor. O casamento de certa forma deve ser em preto-e-branco, pois durará mais tempo, terá uma aparência que não envelhece, será diferente, admirável e sensível, e poderemos prestar mais atenção á sua forma do que suas cores. Você já reparou como as fotos em preto-e-branco transmitem mais emoção ? A falta de for pode revelar outras coisas !

Só com uma roda - 2008
Só com uma roda - 2008

Yuri Bittar
Designer, fotógrafo e historiador
Atualmente ministra o curso A fotografia e a Cultura Visual
Site pessoal: www.yuribittar.com




quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A fotografia e a Sociedade

Conversando esta semana com a

Kátia Campos, tive a idéia de escrever sobre as relações sociais criadas pela fotografia, como as amizades, os grupos, etc...

A sociedade fotográfica
Como todas as outras atividades a fotografia cria seus próprios grupos sociais. Surgem lugares onde fotógrafos se encontram, publicações especializadas, gírias, conceitos de valores, enfim, uma sociedade da fotografia, um mundo cultural com suas regras e peculiaridades.

Os pontos de encontros

Sejam físicos ou virtuais, cada vez mais surgem lugares onde fotógrafos se reúnem para trocar experiências, tirar dúvidas ou apenas papear. Mas com a popularização da internet os locais virtuais, ou seja, na rede, se multiplicaram até um ponto que seria impensável há alguns anos atrás.

O advento da fotografia digital também criou um numero maior de fotógrafos amadores, que querem meios também digitais para se envolver mais com a fotografia. Cito as listas de discussão, em especial as do Yahoo! como um dos primeiros locais para fotógrafos conversarem na internet. A lista FotoBrasil por exemplo (http://br.groups.yahoo.com/group/FotoBrasil) foi fundada em 1998, ainda na web 1.0, e já teve 85 mil mensagens postadas. Com 1467 membros, reúne desde renomados fotógrafos até amadores e iniciantes.

O Photosig também foi um pioneiro na postagem de fotos para comentários, e até hoje reúne principalmente profissionais. Outros sites nacionais seguiram esse modelo. Depois surgiram os Blogs, Fotoblogs e Orkut, e nos últimos anos Flickr e Picasa também ganharam força. Há muitos outros claro, na verdade é difícil listar, pois são muitos e de muitos tipos os sites onde fotógrafos podem postar fotos e comentários.

Saídas fotográficas

Outro movimento social que ganhou força, dentro do mundo da fotografia, foram as saídas fotográficas. Uma saída fotográfica é quando um grupo de fotógrafos se reúne e saí junto pelas ruas ou um local específico para fotografar. Eles se juntam assim por segurança ou para desenvolverem o tema em conjunto.

As saídas em si não são novidade, mas é inédito a quantidade em que elas tem acontecido. Grupos de alunos, amigos, membros de listas na internet, usuários do flickr, enfim, diversos tipos de grupos, desde amadores á profissionais, em turmas bem organizadas ou não, tem saído ás ruas para registrar a vida da cidade. Em São Paulo essas saídas são quase semanais. No flickr há um grupo chamado “Saídas/rolês em SP” onde os fotógrafos marcam encontros, mostram as suas fotos e até planejam um livro coletivo.

Galera fotografando
Galera fotografando na Saída fotográfica "Fotografia e Cultura" 18/12/2008


Amizades

Para mim, nestes 11 anos como fotógrafo, a fotografia se mostrou uma ótima fonte de bons amigos. Acho que pelas próprias características da atividade, ou seja, ser uma mistura de técnica e arte, e ainda ter diferentes aplicações variadas como arte, lazer, hobby, trabalho ou estudo, acaba atraindo pessoas muitos diferentes entre si, porém sempre de nível cultural elevado.

É uma atividade multi-interessante e que atrai pessoas muito interessantes!

Querer penetrar num meio de comunicação, ter controle sobre a criação, desenvolver um hobby, ou seja, sair do lugar comum, não se conformar mas sim dar forma ao mundo ao seu redor, são atitudes engajadas. É como ir par a margem da sociedade, já que no centro estão os conformados. Não se conformar é ser agente das mudanças. E a fotografia muitas vezes é isso, pois é uma das ferramentas que podem ajudar a modificar o mundo.

O lugar da fotografia na sociedade

A fotografia usa a sociedade e a sociedade usa a fotografia. Ao longo dos quase dois séculos da fotografia, ela foi usada para contestar e para apoiar grupos sociais, governos e indivíduos. Mas a técnica fotográfica também se beneficiou da sociedade. Graças ao desenvolvimento tecnológico, primeiro da revolução industrial e depois da informática, apenas para não me estender, a fotografia surgiu e se desenvolveu muito. Também graças aos meios de comunicação em massa e ao consumismo a fotografia passou a ser cada vez mais consumida, o que possibilitou investimentos cada vez maiores em câmeras, filmes, papéis, lojas e em todo o universo fotográfico.

Hoje a fotografia é parte essencial da sociedade. Presente em praticamente tudo, pode levantar ou derrubar celebridades, confirmar notícias, desmentir políticos, servir á fofocas, vender revistas, promover sites e contar piadas.

Com usos tão variados e com toda sua abrangência, a fotografia é quase onipresente, isso é ampliado pelas vendas de câmeras digitais que aumentaram de forma incalculável (pois não se sabe quantas são vendidas no mercado ilegal). Dessa forma a sociedade sofre até mesmo uma overdose fotográfica.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O legal é chocar

Esse tema me veio a mente, após alguns debates tanto na faculdade quanto em rodas de amigos sobre como telejornalismo brasileiro age diante de um caso de grande repercussão. Não importa a emissora, sempre existe sensacionalismo envolvendo esses casos, Von Richthofen, Nardoni, Eloá e por aí vai. Bom, todos devem se perguntar o que esse tema está fazendo num blog sobre fotografia.
Pois bem amigos, a fotografia também tem essa veia de admirar o horrendo, seja como protesto de mostrar as mazelas, seja como sensacionalismo para vender revistas e jornais. Quem nunca recebeu algum link de fotos de acidentes de carro onde aparecem corpos dilacerados e detalhe, alguns são de sites pagos ou comprou alguma revista e se deparou com algum ritual de autoflagelação de povos distantes. Fotógrafos famosos ganham e muito para buscar fotos da miséria, talvez, porque ninguém queira ir aonde eles vão e convenhamos alguém tem que mostrar não só a beleza mas acima de tudo a realidade, assim como disse Diane_Arbus (1923 – 1971) : "Acredito que existem coisas que ninguém veria, se eu não as tivesse fotografado."
Fazendo a vez do advogado do diabo será que a culpa é do telejornalismo, dos fotógrafos ou a culpa é nossa. Eu por exemplo não gosto de acompanhar casos de assassinato, não paro nem para ver acidente na estrada mas, conheço muitas pessoas que fazem tudo isso. Agora em se tratando de fotografia de rituais de povos ou temas mais tristes como miséria procuro entender, como foi feita aquela foto e qual a crítica por trás dela. Criei também uma pasta no meu Orkut com o título bichos escrotos (sim tem haver com a música dos Titãs), nesta pasta me comprometi a fotografar bichos e situações com esses bichos que digamos não são agradáveis de ver. E por que?? Entendo que a curiosidade supera a razão. As pessoas querem saber o que eu considero um bicho escroto.
Então é isso mesmo?? Nós gostamos do que choca, do que causa repugnância, do que não é belo. Não sei responder, mas acredito que as pessoas não gostem dessas fotos ou notícias e sim como já disse sejam vencidas pela curiosidade, mesmo que depois soltem um : Credo que horror!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Minha Janela II

Uma exposição coletiva onde fotógrafos de todo o Brasil enviaram as vistas das janelas de suas casas ou locais de trabalho. Um passeio por diferentes modos de ver as paisagens do dia-a-dia nas cidades brasileiras.

Em 2002, no falecido site ClickNews, fizemos uma exposição coletiva como fotos das janelas dos fotógrafos. Em homenagem a esse trabalho super legal que se perdeu no limbo da internet vou postar aquelas fotos aqui, e peço licença aos fotógrafos.

Olha a turma que participou:
Jorge Elvis - Rio de Janeiro
Yuri Bittar - São Paulo
Emanuel Martins - (daonde ?)
J. Celmer - - São Paulo
Vanessa Sial - Maringá
Armando Vernaglia Jr. - São Paulo
G.Grecco - São Vicente
António Carlos - São Paulo
Thienne Melo - Recife
G.Grecco - São Vicente
Antero Coelho - Fortaleza
Carlos Aversa - Brasília

Essa é a minha

Veja as outras!

Ano passado refizemos o projeto e veio aí mais uma leva de fotos:

Essa é a minha:

Este projeto é uma iniciativa coletiva, nascida de conversas na lista Fotoeventos .

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Despertar Fotográfico


Se você está nesse blog, fotografa ou gosta de fotografia e talvez já tenha passado por essa situação. Quem encarou o ato de fotografar de uma forma mais séria, e não estou me referindo apenas a profissionais mas aqueles que tiveram curiosidade como eu de aprender algumas das técnicas básicas de fotografia, provavelmente vá se recordar do que estou vivenciando.
Antes de aprender sobre enquadramento, foco, abertura do obturador... , fotografar se resumia a clicar e captar a imagem, se não cortasse a cabeça, se o meu dedo não aparecesse com certeza estaria feliz e teria uma boa foto.
Mas o conhecimento também nos leva a julgar o que estamos fazendo a entender que o resultado não está perfeito, que podemos melhorar. E aí surge aquela questão: o que os outros vão pensar das nossas fotos? Será que eu sirvo para isso?? Um certo jogo dramático você acaba travando com você mesmo e isso se deve a competição. Entendo que temos que aprimorar e que boas fotos dependem do seu objetivo.
Assim regras básicas existem e devem ser seguidas, mas quem dirá a um grupo de amigos que se reúnem depois de 10 anos e trazem fotos de momentos juntos que essas fotos não são boas. Eles tem o registro de momentos felizes e parte da suas vidas contadas nas fotos e são ótimas fotos, para eles. Na publicidade a foto de uma garrafa de cerveja ou refrigerante tem que transmitir "refrescância", desejo de tomar. Se o consumidor não decodificar essa idéia é apenas uma foto de uma garrafa.
As críticas são sempre bem vindas. Ajudam a construir a técnica e a buscar a melhoria, mas tudo deve ser encarando dentro de um contexto. Um fotógrafo que domina a técnica com certeza vai extrair todo o potencial da sua câmera, coisa que um iniciante que acabou de despertar seu olhar fotográfico mesmo tendo talento não irá conseguir porque ainda não domina todos os recursos.
Você que como eu iniciou, a pouco, a aprender mais sobre as técnicas fotográficas, não se aflija achando que todas as suas fotos não são interessantes entenda que dentro do contexto em que elas foram feitas estão muito boas ou satisfazem o objetivo pela qual foram feitas. E fotografem muito, sempre usando o que aprenderam, façam experiências com suas câmeras e vejam os resultados mas nunca abandonem a fotografia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Sinceridade Fotográfica

Amigos, sinceramente, uma das minhas melhores fotos não é sincera.

Ou será que é?

Então, é essa a polêmica que quero lançar.

A foto é esta abaixo, realizada na IV Saída Fotografia e Cultura: Itaim - Bibi, em outubro de 2008. O título que dei é “Balé Aéreo”.

Balé Aéreo

Os constantes aviões passando para aterrissar no Aeroporto de Congonhas são uma ótima oportunidade para composições interessantes. É só parar no local certo e esperar. Bom, mas nem sempre podemos ficar parado na rua durante muitos minutos esperando a cena correta se formar. E quando acontecer também pode dar algo errado.

E neste dia em especial foi o que aconteceu. Eu queria compor com a lua, um avião e o prédio. Mas não estava dando muito certo. Quando o avião passava eu tinha apenas um instante para clicar. E eles não passavam exatamente na mesma trajetória. Eles vinham por detrás do prédio, e quando apareciam eu tinha que enquadrar, e aí eles já tinham passado ou eu batia ás pressas.

O que consegui foram as duas fotos abaixo, que depois foram fundidas no Photoshop. Mas isso foi honesto?

Nesta última foto eu até já tinha todos os elementos que queria, mas não ficaram ao meu gosto.

Percebam que além de criar a composição que, embora fosse possível, não aconteceu, eu dei uma “aumentadinha” no avião, em relação á lua. O resultado é verossímil, mas não é verdadeiro. Ou é? A foto é o que é, o que aconteceu de verdade no céu, naquele momento, não importa.

Sinceramente amigos, acho que não faltei com a verdade. A sinceridade fotográfica não está no quanto ela foi tratada no computador, e sim na atitude do fotógrafo em relação á sociedade. Esta é uma foto “não crítica”, ou seja, meramente visual, estática.
O objetivo dela é apenas ser bela (será que é?), e não colocar alguma questão em discussão. Mas pode também servir para isto, se contrastada com imagens de miséria por exemplo, já que é uma imagem que reflete riqueza.

Para Platão toda imagem é uma falsificação, mas acredito que toda e qualquer imagem é verdadeira, como imagem, mas nunca a foto é a própria coisa fotografada, apenas um efeito foto-químico ou eletro-digital criado por uma pessoa, com intenções nem sempre honestas.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Já Fotografou Hoje ?

Já Fotografou Hoje ?
Por Yuri Bittar

Caros amigos fotógrafos, esse é o artigo de estréia dessa coluna ! Por isso, acho que devo explicar qual o meu objetivo, ao perguntar, para amadores ou profissionais, se já fotografou hoje.

A maioria dos profissionais fotografa todo dia, a não ser fotógrafos de eventos, que trabalham principalmente nos fins de semana. Já os amadores normalmente não tem um ritmo certo, fotografam num dia, e depois de uma semana, ou um mês, ou no dia seguinte. Mas não é disso que vou falar nessa coluna, pretendo falar do que chamo de “fotografia de cotidiano”. Não são as fotos que você faz para um cliente, ou testes de técnicas, mas sim as fotos que registram a sua vida, e a de outras pessoas, como as fotos da festa de seu filho, ou uma foto de um mendigo na rua. Estou falando de fotos que você faz para guardar, ou para registrar. São documentos. Um dia historiadores vão achar essas fotos e utiliza-las para saber como era sua vida. A vida das pessoas.

Sabe aquele fotógrafo que anda sempre com uma máquina, afinal “nunca se sabe’ quando pode acontecer algo interessante. Ou aquele cara que leva a câmera a todo lugar que vai, festas, eventos, e fotografa tudo, para lembrar depois. Esse é o tipo de foto, que além de arte, também é documento, lembrança e, para alguns, paixão.

Eu acho que deveríamos fotografar todo dia. Mas esse tipo de fotografia. Deveríamos encher as prateleiras de casa com essas fotos. Alguns já fazem assim, para esses, meus parabéns. Devem estar gostando de ler isto, e ver que outro pensa assim também. Outros talvez achem bobagem, ou não tem dinheiro para tanta revelação. Paciência. Mas que é uma delicia registrar o dia-a-dia é ! Não acham ? Ter fotos de tantas coisas que já aconteceram, de pessoas, de lugares. Ou sair andando pelas ruas e fotografar mendigos, viadutos, cachorros, enfim, fotos que não vão lhe valer retorno financeiro, mas que dão gosto de fazer. Além disso, quanto mais se pratica, melhor se fotografa. A idéia também é condicionar o cérebro e a visão a “enquadrar” tudo o que vemos, quer dizer, todo o tempo em que olhamos, imaginar aquilo fotografado. Ver a realidade em quadros, como se toda a paisagem a sua volta, fosse uma junção de fotos, coladas lado-a-lado, formado uma daquelas fotos panorâmicas, mas dando toda a volta na gente, e por cima e por baixo ! Sabe aquele olhar do “Robocop”, que enquadra uma cena, formando uma moldura e fazendo leitura dos dados. Imaginem se pudéssemos, ao olhar uma cena, parar a imagem, enquadrar dentro de um retângulo, embaixo aparecessem os números, de abertura e velocidade indicadas, e então fotografássemos, como se tivéssemos uma câmera nos olhos !

"tiozinho" bêbado na R. Pedro de Toledo, plena quinta feira ás 17hs
File um cigarro - 2008
Nunca se sabe o que vai aparecer no caminho!


Mas tem muita gente que faz mais ou menos isso. Eu sou assim, cada vez que uma cena da realidade me chama atenção, eu componho, vejo a luz e imagino que abertura e velocidade poderia usar. Mas se não estou com uma máquina na mão, a cena passa. É como se eu estivesse o tempo todo observando as composições que a realidade vai formando. Sabe quando você está fazendo uma foto produzida, de produtos por exemplo, ai você forma uma composição com eles, e o fundo, e fotografa. Depois vai lá e muda o produto de posição, distancia do fundo, e faz outra foto. A realidade, a vida, está compondo assim o tempo todo, mas geralmente não tem ninguém fotografando. É o que chamo então de “composições da realidade”. E é o que acho que deveríamos fotografar todo dia !

Então é isso que vou perguntar, se você já fotografou uma “composições da realidade” hoje ?

Boas fotos e até a próxima!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O que é o Fotoidéia

Revivendo um velho projeto

Há alguns anos atrás criei o portal Fotoidéia. Era um site para busca de fotógrafos, o site servia basicamente para busca de fotógrafos, por localidade ou tipo de serviço. A idéia era criar um canal forte entre fotógrafos e clientes. Tudo era gratuito, e ele estava hospedado no HPG. Quando o HPG deixou de ser gratuito, por volta de 2003, também por falta de tempo, acabei sendo obrigado a abandonar o site, pois ele não me dava nenhum retorno financeiro.


O site chegou a ter uns 50 fotógrafos cadastrados, além de seções com textos sobre fotografia. Muitas pessoas me pedem para reativar o site, mas creio que hoje já temos diversos sites que fazem esse papel, coisa que quase não havia na época. Além disso manter um portal é caro e trabalhoso.

Compartilhando conhecimentos

Para ressuscitar a o Fotoidéia resolvi que a nova encarnação seria em forma de BLOG. Espero poder abrir ele para a colaboração de outros fotógrafos, para que os textos e as fotos lá sejam mais variados, não sendo assim o blog do Yuri, mas realmente o novo Fotoidéia, o blog dos fotógrafos. Apesar de já haverem muitos e ótimos blogs sobre fotografia, espero que este possa trazer algo de novo para o mundo da fotografia.

Vamos ver no que vai dar esta nova empreitada ! Aguardo ajuda amigos !

sábado, 10 de janeiro de 2009

Fotografia Noturna

Paulista de noite 02 por você.

Brincar com as luzes, transformar as luzes dos carros em rios de luz, raios. A fotografia noturna é encantadora.

Existem várias técnicas para fotografar á noite. Usar um tripé ou apoiar a câmera em um lugar firme, até mesmo no chão, usar baixas velocidades de obturador, etc.. Mas o melhor mesmo é experimentar.O ideal é uma câmera digital, para poder ver o resultadocom várias velocidades diferentes.

No dia 18/12/2008 organizei uma saída fotografica para fazermos fotos noturnas. Veja as fotos de alguns participantes da Saída Fotográfica Noturna para a Avenida Paulista: http://www.flickr.com/groups/928790@N25/pool/

Fazer a foto acima não foi difícil. Na verdade o único requisito essencial mesmo é ter uma máquina com ajustes manuais. O que fiz foi apoiar a máquina no chão, porque não tinha tripé mas também para obter um ângulo diferente, valorizando as luzes dos veículos que passavam na avenida. Coloquei o tempo de abertura em 8 segundos, diafragma bem fechado, no caso f8 e ISO 100. Depois foi só esperar um momento certo, colocar no disparador automático (para não tremer na hora do clique) e fazer a foto.

Veja mais fotos noturnas! http://yuribittar.com/index.php?option=com_rsgallery2&Itemid=26&gid=52

A foto acima foi citada no blog Fotocolagem, cujo texto copiei abaixo:

http://fotocolagem.blogspot.com/2009/01/fotodiria-yuri-bittar.html

FOTODIÁRIA - Yuri Bittar

Investida certa. São Paulo se preparou este último ano para deixar na mente dos paulistas e também dos turistas, um final de ano muito iluminado. Ao todo o município afirma ter gasto cerca de R$ 5 milhões na epopéia decorativa do Masp, Edifício Matarazzo, Ibirapuera e Teatro Municipal.

Os recursos são públicos, mas o olhar do fotógrafo Yuri Bittar é individual. Sincero com seu registro, a imagem reflete uma metrópole que se movimenta e confunde as luzes de natal com o circuito frenético dos carros na mais paulista das avenidas.

A foto foi feita durante um movimento organizado pelo próprio fotógrafo, no último dia 18 de dezembro. O evento reuniu cerca de 15 profissionais de diferentes lugares que passaram horas apontando suas máquinas para os edifícios, parques e prédios comerciais da Av. Paulista.

O Masp foi o centro das atenções de Bittar, que investiu certo, no momento e no ângulo. A imagem sugere além de movimento, uma profundidade impar, um céu escuro e uma geometria de linhas e formas bastante interessante. O registro é um espetáculo.

Resultado da Votação:
Excelente: 10 (40%)
Ótima: 9 (36%)
Boa: 4 (16%)
Pouco Criativa: 2 (8%)

Sobre o autor:
Atualmente leciona o curso Fotografia e Cultura Visual na UNIFESP e o curso A Fotografia Consciente no Espaço FinePhoto. Desenvolve ainda projetos artísticos e cobertura de eventos. Já atuou como diretor de fotografia do curta-metragem "No Chão da Cidade - Descartáveis e Descartados ", selecionado também para a mostra competitiva do festival Cinema Mundo em 2007. Já trabalhou com fotografia de produtos e tratamento de imagens, como free-lancer e em editoras, em trabalhos profissionais e conceituais.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pinacoteca do Estado - não recomendo!


No dia 5 de janeiro, uma terça-feira, eu e minha esposa, que estávamos de férias, resolvemos ir conhecer a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mesmo gostando muito de arte ainda não conhecíamos este importante espaço na cidade de São Paulo.

Apesar de já ter ouvido relatos ruins sobre a Pinacoteca, num programa de rádio onde um visitante contava como foi maltratado e até ridicularizado pelos seguranças, resolvemos ir, acreditando que não poderia ser tão ruim. Mas foi!

Para não me alongar muito, fomos maltratados no detector de metais, logo na entrada. Minha esposa teve que abrir a bolsa, tirar as coisas de dentro, passar várias vezes, enfim, parecia banco. Mas quando vamos ao banco é porque temos que ir, já quando vamos ao museu é a passeio. Bom, isso acabou com o prazer do passeio. Os funcionários são grossos, gritão pelos corredores, não orientam os visitantes, enfim, foram os R$8,00 (duas entradas) mais mal gastos das minhas férias. É um absurdo sermos maltratados assim dentro de um espaço público.

Sei que os museus brasileiros estão sofrendo com roubos. A própria Pinacoteca foi roubada no dia 12 de junho de 2008. Mas o público deve mesmo ser penalizado e tratado como suspeito? A falta de segurança nos museus é responsabilidade da população, que deve ser duramente tratada então?

Depois, quando conseguimos entrar, e devíamos ter desistido, não gostei das exposições, nem da organização. Foi um passeio insonso. Nada próximo do MASP ou do Museu Paulista, por exemplo. O próprio prédio é o que tem de mais interessante. Fora isso tem o Parque da Luz ao lado, que é muito bonito também, e não se paga para entrar.

Bom, falando de fotografia, um coisa que notei é que praticamente todas as pessoas lá estavam fotografando. Achei isso horrível. Como, não sou eu que incentiva a fotografia? Sim, mas quando vamos á um museu é para ver, certo? Acontece que as pessoas lá praticamente nem olhavam as obras, iam imediatamente fotografando tudo, talvez para ver as obras de arte apenas pelas fotografias depois. Sem falar que achei que fosse proibido fotografar dentro do museu.

Da próxima vez que ouvir um consumidor relatando que foi maltratado em um local, darei ouvidos a ele e não irei ao dito estabelecimento. No final gastei dinheiro, perdi tempo e me decepcionei. Este é um passeio que recomendo a todos que não façam.