segunda-feira, 24 de agosto de 2009

No Chão da Cidade Fragmentada

No Chão da Cidade Fragmentada


Um vídeo para abrir a cabeça


Este artigo é uma tentativa de juntar, e assim ver melhor, vários escritos pequenos sobre este projeto que me moveu por dois anos, de 2007 a 2008, e deu origem a vários outros projetos, como um curso , uma exposição e uma série de saídas fotográficas .


Tudo começou em 2007 com o documentário No Chão da Cidade – Descartáveis e Descartados. O projeto de produção de um curta-metragem fez parte da disciplina História e Fontes Visuais do curso de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), ministrada pela Profª.Drª. Zilda Marcia Gricoli Iokoi, no 1º semestre de 2007.


No Chão da Cidade

No Chão da Cidade - 2007


Partiu-se da idéia de fazer um vídeo social, de denúncia. Dos temas propostos - cidadania, albergues, moradores de rua - optou-se por este último. Partindo das experiências de cada membro do grupo, levantou-se algumas questões:



  • Alguns moradores insistem em ficar na rua – rejeitam normas;

  • Outros querem sair das ruas. Há casos de trabalhadores da construção civil, vindos de outros estados, que procuram os albergues.

  • Parece haver várias “cidades” dentro da cidade: a par do corre-corre das pessoas nas ruas, encontramos “desocupados”, “pedintes”, pessoas que parecem viver em outro ritmo. Sabemos que alguns já fizeram parte desse “mundo do trabalho” e, de alguma forma, foram descartados.


Daqui – descartados -saiu o argumento para o curta. Nossa hipótese é de que “nem todo mendigo é vagabundo”. Agora era dividir as tarefas e sair a campo. Primeira atividade: obter imagens (fotos e filmes) e, se possível, entrevistas.Foram feitas tomadas gerais: escadarias da Sé, “calçadão” do Anhangabaú e entradas de edifícios – estamos na zona bancária do centro velho de São Paulo.


Tentou-se algumas abordagens – alguns se esquivam. Entabulamos algumas conversas; em uma delas, outra pessoa se aproxima – um ex-eletricista; explicamos tratar-se de um trabalho escolar que visa divulgar um pouco da realidade das ruas a pessoas que possivelmente desconhecem ou estão longe do problema, ou até que podem ter uma visão distorcida (estereotipada) dessa realidade e das pessoas envolvidas.


Aproxima-se também um indivíduo que se coloca como uma espécie de “segurança” das ruas – ex-pugilista e ex-segurança, entre muitas outras profissões, preocupa-se em proteger as pessoas contra a violência das ruas e em ajudar pessoas com problemas (alcoolismo, por exemplo) a não se meterem em encrencas.

Outros moradores passam; olham de longe. Um dirige-se a nós; explicamos de que se trata e ele então inicia uma explanação muito clara sobre a questão das ruas: fala do alcoolismo, da falta de segurança – roubos, da solidão – e da necessidade de falar/conversar, da falta de trabalho, da existência de locais de atendimento e da disponibilidade de alimentação. É formado em Administração de Empresas, já teve comércio e foi funcionário de uma multinacional; é pai de família; afirma que o alcoolismo é grande responsável por colocar as pessoas na rua, sendo apoiado pelos nossos outros dois interlocutores.


Estávamos diante de três pessoas com mais de 50 anos, ex-empregados, com família, com uma história de vida “normal” - fora das ruas, e que de alguma forma foram descartados. O material necessário estava coletado. Daí por diante foi apenas escolher, cortar e editar tudo. Tivemos aproximadamente 40hs de edição.


Assista o vídeo!

http://yuribittar.com/index.php?option=com_content&task=view&id=129&Itemid=35

Mais detalhes sobre o vídeo e os participantes:

http://yuribittar.com/index.php?option=com_content&task=view&id=127&Itemid=35


A Cidade Fragmentada


Estava despertada em mim a vontade de retratar este submundo, que está tão próximo e tão longe do restante da sociedade. Assim surgiu o Projeto Cidade Fragmentada, um meio para refletir sobre São Paulo.


A cidade de São Paulo pode (e acho que deve) ser definida não pelo que é, mas pelo que deixou de ser, pelo que falta, pelo que nega e pelo que não é.

Cidade Fragmentada é uma tentativa de entender São Paulo. Esta cidade é extremamente fragmentada, irregular e caótica, e apenas vendo estes fragmentos podemos ver a cidade. As visões amplas, os cartões-postais, não definem a cidade. A Av. Paulista, o Monumento ás Bandeiras, o Edifício BANESPA, o Ibirapuera e o Vale do Anhangabaú não definem a cidade. Mostram uma imagem do que queremos ser mas não somos. Só me parece possível definir esta cidade pelos seus fragmentos. 


A cidade de São Paulo só pode (e acho que deve) ser definida não pelo que é, mas pelo que deixou de ser, pelo que falta, pelo que nega e pelo que não é. As fotos são resultados de diversas caminhadas pela cidade, olhando e refletindo sobre seus problemas, sobre o que é ser "São Paulo". Fiz as fotos em dias e lugares diferentes, com câmeras diversas. Mas sempre com esse objetivo de procurar nos detalhes imagens que nos dissessem algo sobre a cidade. Esse conjunto de fotos, ou de mensagens, não forma um discurso coerente, e sim um discurso fragmentado. Só isso parece possível. Aos poucos vou colocando as fotos aqui.


Acompanhem! 


Veja a série  No Chão da Cidade


Veja a série Detalhes da Cidade Fragmentada


Ainda há beleza na cidade, a natureza ainda respira...os carros passam, poluição, pessoas, carros, caminhões, cachorros, enfim, a cidade é estranha... Veja a série São Paulo, Cidade Estranha !


Esta cidade é extremamente fragmentada, irregular e caótica, e apenas vendo estes fragmentos podemos ver a cidade. As visões amplas, os cartões-postais, não definem a cidade. A Av. Paulista, o Monumento ás Bandeiras, o Edifício BANESPA, o Ibirapuera e o Vale do Anhangabaú não definem a cidade. Mostram uma imagem do que queremos ser mas não somos. Só me parece possível definir esta cidade pelos seus fragmentos. 



A Varanda

A Varanda – 2008


As fotos são resultados de diversas caminhadas pela cidade, olhando e refletindo sobre seus problemas, sobre o que é ser "São Paulo". Fiz as fotos em diversos dias diferentes, com câmeras diversas. Mas sempre com esse objetivo de procurar nos detalhes imagens que nos dissessem algo sobre a cidade. Esse conjunto de fotos, ou de mensagens, não forma um discurso coerente, e sim um discurso fragmentado. Só isso parece possível.


O Rei do Brilho

O Rei do Brilho - 2008


O "biscate", ou seja, o trabalho nas ruas, "por-conta-própria", é presença constante na Cidade de São Paulo há séculos.  A população econômica e socialmente excluída acaba adotando atividades informais para obter seu sustento. Engraxate foi uma atividade bem mais comum do que é hoje. Devido ás mudanças dos hábitos e da moda essa é uma profissão em extinção, por culpa do predomínio do tênis em lugar do sapato. Atualmente a maioria dos "biscates" prefere ser camelô, vendedor ambulante, etc.


Mas oferecer seu trabalho na rua ainda é um habito comum, que faz parte da paisagem urbana e compõem uma face da cidade. Uma vista que mostre a cidade precisa mostrá-los.


Oprimido

Oprimido - 2008


Alguns não querem ver a realidade, escondem a face, ficam no escuro, não olham ao seu redor para não ver a realidade que machuca. Um jeito é se esconder sob a coberta. Outro é passar por uma cena como esta e não olhar.


São Paulo, de pertinho, não é uma bela cidade. São visões difíceis de digerir. Uma criança na rua é algo que aprendemos a não prestar muita atenção, pois se pararmos para pensar bem é inadmissível. Mas isso é a cidade, fragmentos espalhados por toda parte, pessoas nessa situação são como cacos, partes quebradas da sociedade, estilhaços de outros problemas, de descasos, egoísmos, capitalismos. Qual é o sentido de vivermos em sociedade se quando um de nós precisa de ajuda fica totalmente desamparado ?


Olhando a cidade de perto, em seus fragmentos, vemos a verdadeira São Paulo. Mas queremos vê-la mesmo?



http://yuribittar.com/images/rsgallery/display/enquantovocepassava.jpg.jpg


Enquanto você passava ... - 2009


É incrível como podemos ser insensíveis. Achamos mesmo que estas pessoas gostam de viver assim, que elas querem ficar no chão?

Eles são os fragmentos de uma cidade devoradora de gente. Não há perdão para os fracos? Claro que eles tem os seus "pecados", mas quem não tem? Todos nós já perdemos o emprego, ou o parceiro, brigamos com a famíla, bebemos além da conta ou cometemos outros abusos, mas nem por isso fomos parar na rua.

Nos últimos tempos percebo um aumento do numero de pessoas na rua. E elas ficam cada vez mais á vontade, no meio da rua em qualquer horário, dormindo sob o sol ou sob a chuva como se não estivesse acontecendo nada.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

9ª Saída Fotocultura: O cotidiano transformado em arte - 26/09

26/09 - 10hs
Desafio no centro de São Paulo: O cotidiano transformado em arte

9ª Saída Fotocultura: O cotidiano transformado em arte - 26/09

26/09 - Desafio no centro de São Paulo: o cotidiano transformado em arte

Encontrar a poesia nas cenas do cotidiano e transformar o comum em arte, é possível?
Atenção: Estamos buscando patrocinio para este evento! Se conseguirmos haverá premiação.

Como nos outros desafios, daremos uma missão, uma tarefa a cumprir. Desta vez os participantes vão receber nomes, e terão que fazer fotos para esses nomes. A arte estará presente no nome e na foto, dentro da idéia "transformar o comum em arte".

As saídas Foto-Cultura são livres e gratuitas, qualquer pessoa pode participar, com qualquer tipo de equipamento. Para se inscrever basta me mandar o nome por email, deixar recado aqui ou no Flickr, ou se apresentar na hora do evento mesmo!
As saídas são sempre aos sábados, das 10hs até as 13hs.


Ponto de encontro:
Estação Sé do metrô - Dentro da estação, no Mezanino central (andar superior), sem sair dos bloqueios, entre o elevador instalado no vão central e a escultura de Alfredo Ceschiatti (uma mulher deitada).