terça-feira, 31 de março de 2009

Como nasce um fotógrafo?

Estive pensando em como me tornei fotógrafo, em como tomei a imagem parte essencial da minha vida. Fotografia é uma das minhas paixões e penso que se pudesse fazer apenas uma coisa seria fotografar o dia todo. Às vezes não fotografo muito, mas não por falta de vontade, mas sim por falta de tempo. Mas mesmo assim não deixo de exercitar o olhar.

Tenho pensado nos motivos que nos levam a querem registrar uma imagem, e o que leva uma pessoa a fazer disso sua principal atividade. Acabo chegando á pergunta; como nasce um fotógrafo? Ao contrário de muitos colegas, não me interessei pela fotografia muito cedo. Na minha família sempre havia uma “maquininha” por perto e sempre registramos nossas viagens e passeios. Eu mesmo tirava fotos de vez em quando, mas de maneira desinteressada, sem pensar no que fazia. Eu demorei muito para querer uma câmera para mim. Foi assim até o dia em que senti falta da fotografia, no dia em que me deparei com uma situação que merecia muito ser registrada, mas não havia uma câmera.

Foi numa viagem que fiz, quando tinha uns 16 anos, pela serra, de São Paulo até Itanhaém a pé! Uma viagem muito legal, de dois dias imersos na mata atlântica. Fomos em mais ou menos 20 pessoas, e acredite, ninguém levou uma câmera. Passamos por lugares lindos, em especial uma piscina natural, de uns 4 metros de profundidade, e uns 5 de diâmetro, com uma pequena cascata, e uma água tão transparente que era praticamente invisível, um dos lugares mais bonitos que eu já vi, e que ficou apenas na minha memória. Também tivemos contato com uma tribo indígena, onde muitos habitantes não falavam o português e encontramos também um soldado do exército, sozinho, fazendo teste de sobrevivência, passando dias na mata apenas com uma faca. E mais ainda outros lugares incríveis e muitos animais. Bom, resultado disso é que passei a viagem toda me lamentando e cheguei a conclusão de que deveria ter uma câmera.

Não muito tempo depois disso, consegui comprar uma maquininha da Kodak, uma Star 535, até boa para os padrões amadores da época pois era automática, ou seja, o filme avançava sózinho, e com ela fiz fotos muito legais por alguns anos. Com 18 anos fiz uma viagem para São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e fiz algumas fotos que achei muito boas (essas ao lado) na época, e que me despertaram a vontade de fazer isso cada vez mais, e depois de alguns elogios, me surgiu a idéia de ser fotógrafo. Depois disso entrei na faculdade de Design, onde conheci a fotografia mais a fundo, e pouco tempo depois consegui um emprego como fotógrafo numa revista. Mas daí pra frente é outra história.

Sei que muitos colegas meus começaram de outras maneiras, por exemplo, ao ver uma boa foto, ou por querer fotografar mulheres nuas, ou porque tinha algum parente fotógrafo, etc. Mas o importante, é que num certo dia, a fotografia nos pega, e depois não larga mais. Creio que uma vês fotógrafo, ninguém deixa de ser fotógrafo.

Até mais e fotografem sempre !
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quarta-feira, 18 de março de 2009

Olhando através do tempo

Olhando através do tempo por você.
Foto: Yuri Bittar
Av. Prof. Noé Azevedo, Vila Mariana - São Paulo - 14 de março de 2009

Uma moradora de rua observa uma rua de outro tempo, de outro lugar. Será que observa mesmo? Dá para ver a imagem assim tão de perto?

E ela é mesmo uma moradora de rua ? Só porque não está "bem vestida" ?

Ela parece até se integrar com o mural, parece que pode entrar naquela Avenida São João de décadas atrás. Mas reparem bem, na imagem representada na parede não há pessoas como ela! Homens elegantemente trajados, uma mulher em uma roupa branca, tão branca como um comercial de OMO, caminham tranquilamente por uma via sem camelôs ou sUjeira. Será que a cidade era mesmo assim tão limpa ? Não haviam pessoas mal trajadas pelas ruas?

Será que guardamos uma imagem irreal do passado? Sim, idealizamos o passado, e ele se choca com a realidade presente todo o tempo, causando um descompasso que parece manter tudo sempre desajustado.

Yuri Bittar
Designer, fotógrafo e historiador
Atualmente ministra o curso A fotografia e a Cultura Visual
Site pessoal: www.yuribittar.com

sexta-feira, 13 de março de 2009

Culto e Esquecimento da Imagem

As imagens estão cada vez mais presentes em nossas vidas. E ao mesmo tempo elas são cada vez menos vistas, menos observadas. Este artigo pretende refletir sobre a perenidade das imagens, comparando especialmente o início do século XX com o tempo atual.

Mudança dos tempos

Há apenas algumas décadas atrás uma pessoa, durante toda a sua vida, posava apenas para meia dúzia de fotos, adquiria umas poucas dezenas de revistas, assistia uns tantos filmes e via umas poucas obras de arte. Raramente se tinha uma pintura em casa. Revistas eram guardadas e fotos de família ficavam na parede.

Hoje, ao contrário, há pessoas que vêem dúzias de imagens por hora. As revistas e jornais, coloridos e cheios de fotos, vão até no mesmo dia para o lixo. Na internet há uma enxurrada de fotos e vídeos, que são vistos por milhares de pessoas por hora. DVDs piratas, downloads, cópias e diversos sites permitem que qualquer pessoa veja filmes diariamente, “toneladas” de fotos, enfim, “troçentos” megabytes de imagens por dia.

Culto

Então vêem os lugares comuns; A imagem está mais democrática! Todos têm acesso á tudo! A sociedade da informação! Etc...

Podemos realmente pensar que o acesso ás informações em geral se tornou mais simples e rápido. Não é preciso esperar uma exposição ou ir á uma biblioteca ou museu para se conhecer a obra de um fotógrafo ou pintor. Também não é preciso esperar meses ou anos para ver as fotos do casamento daquela sua prima que mora em Afogados da Ingazeira.

As câmeras digitais, filmadoras e scanners, cada vez mais baratos e melhores, também contribuem para o aumento na quantidade de imagens disponíveis, e até com a sua qualidade.

Isso parece um culto á imagem. Vivemos então a época de maior valorização da imagem?

Esquecimento

A resposta da questão formulada acima parece ser que sim, mas não é tão simples. Na verdade também percebemos um desvalorização da imagem, que se tornou algo descartável, facilmente esquecível e superficial.

Imagem se olhava em contemplação, durante minutos ou horas. No outro dia se olhava novamente.

Hoje vale mais o conjunto que cada imagem. Um bom fotógrafo é o que faz muitas boas fotos seguidas.

Para chamar a atenção é preciso criar um trabalho muito bom. Para se destacar é preciso ter qualidade técnica e artística ao mesmo tempo, e ainda caprichar no acabamento, na apresentação e na divulgação.

rapidamente e sem nenhuma atenção.

As imagens cada vez mais presentes, mas também cada vez menos vistas. Antes víamos muito poucas imagens. Hoje vemos pouco muitas imagens.

Saudosismo?

Pessoal, o cão ladra e a caravana não para. O tempo passa e não volta mesmo, não há jeito. Por mais que alguns sintam saudades dos velhos tempos, quando um fotógrafo era um especialista, fazendo algo que poucos conseguiam, com equipamentos caros e complexos, de difícil operação, esses tempos não voltam. Eu nem quero que voltem mesmo. Apesar de gostar do valor que a imagem tinha antes, não abriria mão dos sistemas digitais e da possibilidade de mostrar meu trabalho ao mundo na internet.

O que faremos?

Não amigos, eu não proponho soluções.

Na verdade não há o que solucionar, as coisas mudaram e pronto. Não espere mais que alguém horas olhando fixamente uma mesma pintura, foto ou imagem. Em cinco segundo ele clica para a próxima. Bom, quer dizer, alguns ainda fazem isso, mas cada vez menos. Eu mesmo, certa vez, diante do quadro O Grito, de Munch, devo ter ficado uma meia hora. No MASP não fico menos que uns 10 minutos observando cada obra.Mas esse olhar detalhista é cada vez mais raro.

O que faremos então? Nós que produzimos imagens nos adaptaremos e faremos o melhor possível. Nós que vemos imagens também podemos tentar observá-las com mais cuidado.

Não se esqueça que a visão é um de nossos principais sentidos, senão o principal. Temos que ter cuidado para não sobrecarregá-la. E devemos fazer um bom uso dela. Quem observa melhor o mundo ao seu redor perde menos oportunidades.

Yuri Bittar
Designer, fotógrafo e historiador
Atualmente ministra o curso A fotografia e a Cultura Visual
Site pessoal: www.yuribittar.com

quarta-feira, 4 de março de 2009

Como ler uma fotografia?

Uma questão recorrente; é possível ler uma fotografia? Como?

O que uma foto diz? A fotografia mostra os objetos, pessoas e lugares presentes na cena, sua relação espacial, cores, formas e luzes. Isso é o que ela mostra, mas isso é muito diferente do que ela diz. Então o que uma fotografia nos diz?

O que ela nos diz depende do nosso repertório, dos nossos conhecimentos, da nossa intenção para com a imagem, da nossa disposição em prestar atenção à foto, enfim, é algo que se constrói entre nossa mente e a imagem. Ou seja, o que ela diz depende primeiro do que sabemos ouvir.

A legenda é outro fatos, se houver, é outra informação. A legenda não é uma verdade. Ela é o que foi escolhido para ser dito, é a informação que alguém decidiu nos passar. É um discurso "oficial" e pré-estabelecido. Temos que lê-la com cuidado e crítica.

Agora, o que a foto não mostra? O que ela não diz? A foto não mostra quem a fez, como, por que, com que equipamento, em que condições, às vezes nem quando ou onde.

O que a foto dá a entender? Parte do que ela não mostra podemos supor. Pelo cenário podemos supor o local, a época. Pelas características da imagem podemos imaginar o equipamento e até que fez a foto e sob qual intenção.

Ao estudar uma imagem devemos saber para quem ela foi feita, para quê ela deveria ser vista e o que ela impactou sobre quem a observou, no seu contexto original. Ao examinarmos uma foto de cartão postal por exemplo, temos que entender como aquela imagem foi vista na época em que foi feita.

Mas é importante obtermos o maior numero de informações possível, pois uma imagem simplesmente jogada e sem informações pode nos dar pistas falsas. Segundo Cássia Denise Gonçalves, em seu artigo “O Nome das Coisas”, uma fotografia fora de seu contexto pode nos iludir, podemos ver uma representação diferente do que o autor da foto teve intenção de produzir, e diferente também do que viu o espectador original da foto.

Vamos analisar a foto acima por exemplo:

1. O que ela mostra?
Podemos ver que é um local antigo, em ruínas, onde um casal posa para o fotógrafo com um carrinho de bebê. Aparentemente há um bebê dentro. A foto está desbotada.
2. O que ela nos diz?
Podemos perceber que o local se trata do interior do Coliseu, em Roma. Pelo desbotamento da foto, que é colorida, e pelos trajes, podemos saber que é do final dos anos 70. Podemos imaginar que o casal é de turistas, de nacionalidade indefinida.
3. O que a foto não mostra?
O que ela não nos mostra é que se trata de um casal de brasileiros, de fato em Roma, em 1977. Na verdade esta viagem foi a do meu batizado, portanto o bebê sou eu e o casal minha mãe Cristina e meu pai Samir. Fui batizado em 77 na Basílica de São Pedro. Na época meus pais viajavam muito. Não que fossemos ricos, mas meu pai viajava á trabalho e ás vezes levava a família.
4 O que a foto dá a entender?
Para quem não tem as informações que passei acima, o que pode-se supor é que trata-se ou de um casal europeu, ou de um casal rico, pois é muito caro viajar para a Europa. Ou pode ainda imaginar queé um típico casal italiano, o que seria uma falsa informação.

A fotografia selecionada e a “instituição-memória”

Quando vamos a um museu, exposição ou outro local que guarde a memória da sociedade, um local chamado “instituição-memória”, e lá vemos fotografias, devemos lembrar que essa imagem está fora do seu contesto original. Essa fotografia pode ter sido feita para ficar na parede de uma saca de família, ou para se publicada em um jornal, revista ou livro, enfim, não para ficar exposta num museu.

Ao examinar uma imagem dessas precisamos ainda levar em conta o fato de ela ter sido selecionada. Então além de todos os aspectos anteriores que devem ser levados em conta, ainda devemos refletir nos motivos que levaram á essa seleção, que á escolheu, qual o projeto da instituição, o sentido político, etc...

Ler uma fotografia é, claro, observar a mensagem que ela nos passa diretamente. Mas é sobretudo entender seu contexto, o que estava por trás da câmera, sua relação como o universo das imagens de sua época e o impacto que ela teve sobre quem a observou.A fotografia é sempre uma representação e precisamos entender o que ela representa e como foi construída essa representação.

domingo, 1 de março de 2009

Passeio fotográfico por Paranapiacaba!

União! se refletirmos bem, quando sentimos algo muito forte por alguém é como se fosse um cabo de aço [indestrutivel] por isso esta menção a figura humana na cena e o cabo de aço da ponte.
Destacar o assunto a ser fotografado sem afetar no contexto da cena é uma das grandes vantagens do contra-luz, mas é preciso ter muita frieza para saber quando e como usa-lo, pois o objeto foco da cena pode se perder se o efeito for usado incorretamente.
Nos deparamos constantemente com o tema, "Paisagem Urbana", e adicionar uma presença humana neste tipo de foto é algo que vem muito bem a calhar; nem deserto, nem muvucada. a foto fica com uma expressão calma e passifica.
Qual é o melhor questionamento?!: O que vemos? O que não vemos? ou o que não queremos ver? [sem dúvida é a ultima]!
Sempre devemos nos perguntar o que nós não queremos ver, independente do que seja, pois o olhar é de cada um, mas se pudermos utilizar este olhar e adicionar regras de composição para executa-la este nosso méro "olhar diferente" acaba se tornando uma bela, diferente e original composição!
Ah mais e as críticas sobre este nosso "olhar diferente"? - São muito bem vindas (isto quando for críticas com fundamentos, ou seja construtivas); sempre de alguma pessoa nós iremos receber críticas sobre nossas fotos, o que deveremos saber é que temos de separar delas o que vai nos ajudar a melhorar as composições.

Trilha organizada pelo pessoal da MTBtrip que reuniu mais de 50 ciclistas sendo até um evento familiar.








Falando sério, uma maria fumaça? e ainda funcionando? onde? como? é lindo!!!!
rsrs ... foram esses os questionamentos que fiz a mim mesmo.




Paranapiacaba: Uma tipica cidadezinha do interior, isolada da cidade grande, com seus próprios costumes e uma beleza maravilhosa. A cidade é toda linda, algumas ruas ao invés de asfalto são gramadas, as moradias são aqueles antigos casarões que somos acostumados ver em novelas ao se retratar a história dos barões do café e tals...
Um bréve resumo.: O abastecimento de água da cidade é por meio de bicas d´agua que foram transformadas e reservatórios, então imaginem só. (a agua da cidade é pura )..., os moradores não pagam agua e luz, ou seja os moradores não tem a minima despesa para viverem no "paraiso". rs

Meus contatos --- > Msn: antoni_fotografia@hotmail.com --- > Cel: (11) 8801-8381

Espero que gostem!